quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla
DC traz história de jovem que é exemplo de vida

"A pessoa com deficiência quebra a cultura da indiferença: tenha coragem de ser diferente". Este é o tema da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, celebrado em todo o Brasil de 21 a 28 de agosto, e que leva a todos a refletir sobre uma premissa que evidencia as características existentes no ser humano: as diferenças.

As pessoas são diferentes por natureza, isso é fato, são características físicas e de personalidade diferenciadas, comportamentos, preferências, estilos de vida comuns e incomuns.

Ocorre que a sociedade marcada por tanta diferença e pelo diferente ainda não aprendeu a conviver com a diversidade tão acentuada neste universo de convívio. Tudo o que não se encaixa num padrão elitista determinado, considerando tipo fisco, gostos, crenças, opções, poder aquisitivo, posição social, torna-se estranho e diferente ao outro e como consequência tende a ser rejeitado. Nesse mérito nos reportamos às pessoas com deficiência que historicamente carregam consigo uma forte carga de rejeição, justamente por estarem descontextualizadas do "padrão" preestabelecido pela sociedade e por não se alinharem ao supostamente considerado ideal, produtivo e de destaque social.

Nesse contexto, as Apaes, ao longo de mais de 50 anos, acolhem e atuam na defesa e garantia de direitos de pessoas com deficiência intelectual e múltipla, independentemente de sua condição socioeconômica, gênero, faixa etária, raça, etnia ou religião.

As Apaes defendem que a pessoa com deficiência necessita de uma política que garanta um atendimento integral e integrado para a superação das suas necessidades.

Foi na Apae de Paranaguá que José Nascimento Lima Neto passou uma das suas fases de estudo. Ali garantiu um atendimento integral e integrado para superação e hoje está no mercado de trabalho. Também estudou no Eva Cavani, além do Colégio Girassol.


Trabalho

Neto é um rapaz que não consegue ficar parado. Ele teve a felicidade de ter pais que num trabalho paralelo à escola tratavam de questões importantes como sua independência, para questões do dia-a-dia, para sua socialização. Neto cresceu em meio a pessoas que o aceitavam e sempre frequentou todos os lugares, onde conhecia pessoas e programas que reforçavam suas habilidades sociais, o que deu a ele a capacidade de ir em busca do seu primeiro emprego.

Conseguiu um estágio remunerado na prefeitura, onde ficou por dois anos, com acompanhamento de técnicos da Apae. Buscando sempre superar-se, aprendeu a ler e outro objetivo conquistado foi seu primeiro emprego com carteira assinada. Hoje, com 24, Neto é funcionário da empresa Heringer, onde trabalha há três anos.

Acorda todos os dias às 6h. Pega o ônibus das 7h para começar o expediente às 8h e trabalha durante todo o dia na empresa. Chega em casa por volta das 19h para fazer um lanche e vai para a escola, onde faz a Educação de Jovens e Adultos e só volta para casa por volta das 22h30 para dormir.

Anda pelas ruas de Paranaguá sem nenhuma dificuldade. Aos finais de semana, passa na casa de alguns conhecidos para conversar.

"Lutei muito e vou continuar lutando", diz Neto, que confirma que sempre quis trabalhar. Com o dinheiro que ganha compra roupas, sapatos, livros e CDs, além de presentes para a família e o irmãos mais novo. porém é fácil entendê-lo e manter qualquer tipo de conversa.

"Ele é o filho que toda mãe quer ter. Ele é prestativo, atento com nossas preocupações e sempre querendo ajudar", diz a mãe Luzia Rosana da Silva Lima. Ela diz que nunca protegeu o filho, mas o orientou e o ajudou. "Deixei que ele vivesse e acho que isso ajudou muito. Acredito que é uma vitória nossa como pais, também", destaca ela.

Luzia lembrou à reportagem do DC que foi Neto quem tomou a iniciativa de correr atrás de emprego. "Eu sei que ele foi até o vice-prefeito da época, o Ricardo, e pediu emprego e conseguiu. Depois que terminou o estágio passou um tempo e ficamos sabendo que o fisioterapeuta o ajudou a arrumar o emprego na Heringer, mas tudo porque ele é comunicativo e disse que queria trabalhar", lembra a mãe.


Neto é um exemplo de vida, assim como outros dos seus amigos que vem rompendo barreiras e mostrando que limitações como dificuldade de andar e de falar ou de ouvir não impedem o crescimento e uma vida cheia das aventuras ‘normais’ que qualquer pessoa passa com vitórias, decepções, alegrias e tristezas.

A diferença é que o exemplo deles tem muito mais significado porque eles não escolheram ter essas limitações, eles ultrapassaram e foram além.

Nenhum comentário: